segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um pouco de ar

Nunca soube o que é o amor. Verdadeiro, recíproco, sincero e com gosto de chocolate. Esse, sim, um amor que compensa o stress e as complicações de dividir a vida com alguém.

Aos poucos, você está me ensinando que um sorriso sincero com um olhar de cuidado, uma louça lavada depois de uma pizza congelada e um beijo sereno de estalar os lábios dão sentido ao que todos procuram. Sempre procuraram.

O amor sempre foi perseguido, debatido, planejado. Desde sempre o que todos querem é amarem e serem amados. E isso parece fácil. Mas não é. Amar requer esforço, engolir orgulhos e se render ao “inimigo”, que domina sem se saber como nem por quê. “Aquele negócio” que incomoda aqui dentro, que altera os humores em altos e baixos, dá um nó na garganta e uma manha do tamanho do mundo, é, na verdade, a concretização do amor. E esse amor, verdadeiro, sincero e com gosto de chocolate, traz um pouco de ar. Para respirar num mundo que agoniza entre gases venenosos, despejados às toneladas, diariamente, por aqueles que são incapazes de viver de verdade. Com reciprocidade. Com sinceridade. Sentindo o gosto doce de uma vida imersa em chocolate.

Para Ana Pê.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bom dia

Olha as flores que eu trouxe pra você, amor
São pra comemorar aquele dia
Que passei a viver do teu lado
Eu me lembro, entre nós não havia quase nada

E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar...

Havia mil motivos pra eu não estar naquele show
Mas o nosso destino foi escrito
Sob o som de uma banda qualquer
Eu me lembro, em setembro conheci minha mulher

E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar

Los Hermanos

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um atraso

Após três dias de atraso, é chegado o primeiro post de Outubro. O mês cujo nome talvez lembre Outono. Ou primaveira. Verão? Inverno, quem sabe. Hoje alguém muito querido, alguém que compartilha momentos de intensa vida comigo, presenciou um momento de extrema tristeza. De morte. O tal do Outono se revela de uma melancolia desastrosa. Uma prova de força, para todos que já demonstraram, ou não, essa habilidade.
Nos filmes tudo é tão mágico. O Hollywood way-of-life bem que poderia nos mandar entidades fantásticas, máquinas do tempo ou invenções mirabolantes de cientistas loucos que pudessem prever os crimes, antes que eles pudessem pensar em ocorrer. Mesmo que esse crime fosse contra a sua própria vida. Prender alguém que fosse cometer homícidio doloso contra si mesmo. Prender de si para que os outros, que ficam, não se sintam sufocados, desesperados, imersos em uma prisão que não é física, mas mental. A pior prisão do mundo.
Aos que ficam, fica a dúvida da incerteza da vida. Aos que se vão, fica a dúvida do dever não cumprido. Da falha. Da fraqueza diante de um mundo perverso, que frequentemente transforma sãos em loucos, sem sequer conseguir definir, de fato, quem é são e quem não é. Aos que ficam, fica o consolo dos amigos, que tentam reerguer ruínas esfaceladas, que se despedaçam ainda mais a cada momento. E que hão de se refazer. Com certeza vão se refazer. Pois estamos na Terra, nessa jornada chamada vida, para conjugar o verbo viver. A morte, essa sim, merece ser deixada de lado. Merece sofrer homicídio, a cada dia, assim que um olhar ao próximo justifique a existência da expressão "Bom dia". Que tentemos, pois, reerguer um "Bom dia". Após reerguer ruínas. E lutar contra si mesmos, para fazer Floresta do Deserto.


Para Ana Paula Ximenes

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vem comigo?

Já dizia o poeta Cazuza, bem antes do Pânico na TV, “vem comigo”.

Bebe a saideira que agora é brincadeira ninguém vai reparar
Já que é festa, que tal uma em particular
Os dias que eu planejo impressionar você, mas eu fiquei sem assunto
Vem comigo, no caminho eu explico
Vem comigo vai ser divertido, vem comigo
Vem junto comigo eu quero te contaminar
De loucura até a febre acabar
A dias que eu sonho beijos ao luar
Em ilhas de fantasia
A dias com azia o remédio é teu mel,
Eu sinto tanto frio, no calor do Rio
Já mandei olhares prometendo o céu
Agora eu quero no grito, vem

Vem comigo
Vem comigo, no caminho eu explico
Vem comigo, vem

Bebe a saideira que agora é brincadeira ninguém vai reparar
Já que é festa, que tal uma em particular
Os dias que eu planejo impressionar você, mas eu fiquei sem assunto
Vem comigo, no caminho eu explico
Vem comigo vai ser divertido, vem comigo
Vem junto comigo eu quero te contaminar
De loucura até a febre acabar
A dias que eu sonho beijos ao luar
Em ilhas de fantasia
A dias com azia o remédio é teu mel,
Eu sinto tanto frio, no calor do Rio
Já mandei olhares prometendo o céu
Agora eu quero no grito, vem

Vem comigo
Vem comigo, no caminho eu explico
Vem comigo, vem

Cazuza

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um olhar masculino sobre a TPM

As mulheres são os seres mais fantásticos e complexos de toda a Terra. Isso é fato. Talvez por serem tão fantásticas e complexas, são cheias de detalhes que muitas vezes necessitam de cuidados. A TPM, por exemplo, tão discutida, é um dos detalhes que requerem bastante atenção. E discussão.

Todos os meses, ela está lá. Algumas mulheres dizem e outras fingem não ter, mas 40% delas sentem algum sintoma da TPM todo mês, principalmente irritabilidade, agressividade, depressão e ansiedade. Por esses sintomas, a Tensão Pré-Menstrual é um assunto da saúde delas que frequentemente está na roda de conversa deles. Afinal, só um namorado dedicado sabe que aquela manha descontrolada, seguida de momentos bipolares de alegria e extrema irritação, são movimentos capazes de mover montanhas. Ou até mesmo destruí-las.

Para a turma do Bolinha, a dica é: acreditem, a TPM é algo contornável. Todos os sintomas, com seus devidos desdobramentos, fazem parte de um processo da natureza fundamental para a boa saúde delas (a menstruação), e esse processo altera, de verdade, o humor e todo o funcionamento interno desse já complexo ser, tornando-o ainda mais complexo. Nessas horas, leve em consideração que não é nada pessoal contra você. Na fase manhosa, fale que a ama tantas vezes quanto puder e capriche nos cafunés e carinhos que as fazem tão bem. Quando ela estiver irritada, o melhor é não bater de frente. Ah, e muito importante: cuidado com o que fala. Ela sempre dará um jeito de desdobrar o que você disse de forma a atingi-lo e fazê-lo se sentir culpado por algo que (não) fez. Nessas horas, o melhor mesmo é ficar calado. E preparar os ouvidos, pois o filtro de conteúdo é totalmente desabilitado e, via de regra, elas não medem palavras. Óbvio que todos esses conselhos são para os casos mais extremos de TPM.

Para a turma que tem TPM, a dica é: acreditem, nós não sabemos o que é menstruação. Muito menos as tensões que a antecedem. Por isso, concedam um desconto para os namorados desavisados que utilizam a pergunta-gatilho disparadora da bomba. Aquele inocente “que foi?”, ao contrário do que as senhoritas pensam, não significa “eu sei que você tá de TPM e quero te irritar”, muito pelo contrário. É por completo desconhecimento dos seus estados pré-menstruais que os pobres moços caem na besteira de perguntar. Assim, levem em consideração a inocência da pergunta, e, por favor, não descontem neles as confusões de tudo que se passa. Lembrem-se que vocês, mulheres, são os seres mais fantásticos e complexos da Terra. Os homens, coitados de nós, estamos apenas tentando entende-las. E curti-las, em sua completude, fazendo-as tão felizes quanto somos aos seus lados, longe dos dias que antecedem as suas menstruações.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Morte. Independência?

Sete e meia da manhã. Do sete de setembro. Dirijo o carro que me leva à Av. Beira Mar, é o desfile cívico-militar da independência. Dom Pedro gritou “Independência ou morte!”, me ensinaram no Colégio, mas tudo que vejo, no dia da independência, é morte. Morte da música, que perdeu espaço nas rádios para os estrangeiros. Morte da política, que se vende à corrupção. Morte do povo, que sucumbe à fome.

São oito horas da manhã. No sinal, um menino pequeno e magro estende a mão em gesto de súplica, apelando à nacionalidade para conseguir alguns trocados. Alguns semáforos à frente, outro menino, tão magro quanto o primeiro, estende uma perna mal formada, jogando na cara a falta de oportunidade de alguém que está cansado de não viver. Definitivamente, o sete de setembro não é o dia da independência.

São oito e meia da manhã. É ano eleitoral e os militantes dos candidatos a governador se misturam à multidão que vai acompanhar o desfile. Militantes, em sua maioria, tão pobres quanto os meninos dos semáforos. E tão cegos quanto o candidato que defendem, pois passam por outros meninos que estão em outros semáforos e fingem não vê-los. A alegria ufanista que contagia a todos, cega à realidade que dá um tapa na cara. Independência? Só se for de Portugal. A dependência continua com os latifundiários, empreiteiros, lobistas, empresários, banqueiros, políticos.

É sete de setembro. É dia da independência. E tudo que se vê são policiais. Soldados. Forças armadas com traje de gala. Alunos com uniformes limpos e passados, câmeras fotográficas e filmadoras para todos os lados. Alegria de um povo que não vive, apenas aguenta viver. E que, de quatro em quatro anos, vê a independência com esperança de mudança, ouvindo as mesmas histórias e conversas sobre educação, emprego e segurança. Independência? Ou morte?

Mais ou menos do mesmo

Hoje começa um novo momento. Reativando o blog, com nova roupagem, nada melhor do que muitos e muitos textos. Depois de tantos meses esquecidos, o Floresta do Deserto ressurge com as produções de um semestre e meio, que foram, mês a mês, implorando para serem compartilhadas com o mundo, mas sempre renegadas da existência (não tão) efêmera da internet. É com muito orgulho que proclamo: sejam todos, novamente, bem vindos à Floresta. Ou seria ao Deserto?


Através do blog, a partir de hoje, diariamente, você irá compartilhar a minha visão dos estranhamentos cotidianos que assolam a vida de um aspirante a jornalista, metido no mundo da computação e músico nas horas (que deveriam ser) vagas.