segunda-feira, 13 de abril de 2009

Uma segunda feira


"Barba. Bigode. Toco. Adeus"

Engraçado como são as pessoas. Um sábio professor certa vez disse que "amor se vive nas semelhanças, não nas diferenças." Pois bem, qual a dificuldade que as pessoas tem em viver semelhanças e minimizar diferenças? Amor é um termo genérico, varia de acordo com o contexto e, nesse caso, representa o sentimento inato, exclusivamente aos seres humanos, que é capaz de alterar a forma com que pensam e agem esses símios tão estúpidos. Acontece que, talvez por seus cérebros excessivamente grandes e desproporcionais em relação aos outros mamíferos, esses mesmos seres humanos pensam muito, mas pensam tanto que esquecem de agir. Esquecem de deixar a emoção tomar conta de suas sinapses, alterar seus batimentos cardíacos e inundar seus cérebros com coquetéis de substâncias que evocam alterações muito mais complexas, variando em estados de medo, insegurança e raiva, culminando em carinhos, carícias e beijos, ou, simplesmente, em amor. Evolutivamente, o uso da razão foi a única coisa capaz de tirar nossos ancestrais dos galhos e árvores. Se não a usamos, negamos nossa natureza, nossa superioridade em meio aos seres vivos. Mas, usando-a em excesso, também reprimimos nossa natureza, agredimo-nos enquanto indivíduo e principalmente enquanto espécie. E só nos resta pensar. O quanto somos fortes. O quanto somos fracos. E, no final das contas, acabamos voltando ao líder legionário, o barbudo eleito à revelia porta-voz de uma geração:

"Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações. (...) Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo e nosso Estado que não é nação. Celebrar a juventude sem escola, as crianças mortas, celebrar nossa desunião.(...) Vamos celebrar nossa tristeza, vamos celebrar nossa vaidade! Vamos comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas, os mortos por falta de hospitais. Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos, o voto dos analfabetos. (...) Vamos celebrar a fome, não ter a quem ouvir, não se ter a quem amar. (...) Vamos celebrar nossa bandeira, nosso passado de absurdos gloriosos."

E assim passamos a segunda-feira 13. Um dia para ser lembrado como aquele que deveria ser esquecido. O dia em que a fé no amor reduziu-se a apenas isso: fé. A esperança nele não resiste à fome do mendigo na rua, à bala perdida que quase atingiu uma amiga, ao acidente de trânsito porque um dos carros não teve paciência para esperar o sinal abrir. Já diziam os Engenheiros do Hawai: "Ah, vida real. Como é que mudo de canal?"

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