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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um atraso

Após três dias de atraso, é chegado o primeiro post de Outubro. O mês cujo nome talvez lembre Outono. Ou primaveira. Verão? Inverno, quem sabe. Hoje alguém muito querido, alguém que compartilha momentos de intensa vida comigo, presenciou um momento de extrema tristeza. De morte. O tal do Outono se revela de uma melancolia desastrosa. Uma prova de força, para todos que já demonstraram, ou não, essa habilidade.
Nos filmes tudo é tão mágico. O Hollywood way-of-life bem que poderia nos mandar entidades fantásticas, máquinas do tempo ou invenções mirabolantes de cientistas loucos que pudessem prever os crimes, antes que eles pudessem pensar em ocorrer. Mesmo que esse crime fosse contra a sua própria vida. Prender alguém que fosse cometer homícidio doloso contra si mesmo. Prender de si para que os outros, que ficam, não se sintam sufocados, desesperados, imersos em uma prisão que não é física, mas mental. A pior prisão do mundo.
Aos que ficam, fica a dúvida da incerteza da vida. Aos que se vão, fica a dúvida do dever não cumprido. Da falha. Da fraqueza diante de um mundo perverso, que frequentemente transforma sãos em loucos, sem sequer conseguir definir, de fato, quem é são e quem não é. Aos que ficam, fica o consolo dos amigos, que tentam reerguer ruínas esfaceladas, que se despedaçam ainda mais a cada momento. E que hão de se refazer. Com certeza vão se refazer. Pois estamos na Terra, nessa jornada chamada vida, para conjugar o verbo viver. A morte, essa sim, merece ser deixada de lado. Merece sofrer homicídio, a cada dia, assim que um olhar ao próximo justifique a existência da expressão "Bom dia". Que tentemos, pois, reerguer um "Bom dia". Após reerguer ruínas. E lutar contra si mesmos, para fazer Floresta do Deserto.


Para Ana Paula Ximenes

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Morte. Independência?

Sete e meia da manhã. Do sete de setembro. Dirijo o carro que me leva à Av. Beira Mar, é o desfile cívico-militar da independência. Dom Pedro gritou “Independência ou morte!”, me ensinaram no Colégio, mas tudo que vejo, no dia da independência, é morte. Morte da música, que perdeu espaço nas rádios para os estrangeiros. Morte da política, que se vende à corrupção. Morte do povo, que sucumbe à fome.

São oito horas da manhã. No sinal, um menino pequeno e magro estende a mão em gesto de súplica, apelando à nacionalidade para conseguir alguns trocados. Alguns semáforos à frente, outro menino, tão magro quanto o primeiro, estende uma perna mal formada, jogando na cara a falta de oportunidade de alguém que está cansado de não viver. Definitivamente, o sete de setembro não é o dia da independência.

São oito e meia da manhã. É ano eleitoral e os militantes dos candidatos a governador se misturam à multidão que vai acompanhar o desfile. Militantes, em sua maioria, tão pobres quanto os meninos dos semáforos. E tão cegos quanto o candidato que defendem, pois passam por outros meninos que estão em outros semáforos e fingem não vê-los. A alegria ufanista que contagia a todos, cega à realidade que dá um tapa na cara. Independência? Só se for de Portugal. A dependência continua com os latifundiários, empreiteiros, lobistas, empresários, banqueiros, políticos.

É sete de setembro. É dia da independência. E tudo que se vê são policiais. Soldados. Forças armadas com traje de gala. Alunos com uniformes limpos e passados, câmeras fotográficas e filmadoras para todos os lados. Alegria de um povo que não vive, apenas aguenta viver. E que, de quatro em quatro anos, vê a independência com esperança de mudança, ouvindo as mesmas histórias e conversas sobre educação, emprego e segurança. Independência? Ou morte?